LIVRO: NA CAIXA POSTAL 65 - 47 GRITOS DE LIBERDADE - DO PREMIADO ESCRITOR SEVERINO MELO

                                 
Há dez anos, precisamente, no segundo semestre de 2006, era lançado em Caruaru o livro: “Na Caixa Postal 65, Quarenta e Sete Gritos de Liberdade”, de autoria de Severino Melo, com selo da Editora Universitária da UFPE e prefácio da doutora Cirlene Rocha, ex-Diretora da Penitenciária Juiz Plácido de Souza.
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Até ali nunca houvera acontecido uma rebelião naquela casa de custódia. O ano de 2016 entrará para a história como sendo o ano que, de incêndio a homicídios qualificados, tudo de ruim naquele recinto aconteceu.
Sinceramente, creio ser impossível qualquer tentativa de fazer um outro concurso literário com presos / reeducandos daquela instituição carcerária, como ousei fazer na semana do preso, em agosto, do ano de 2004.
O autor … “Em sua verve de radialista formado, no início do segundo semestre de 2004, cruzou o umbral da Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru – PE, para, individualmente, patrocinar um concurso literário em comemoração ao Dia dos Pais, na Semana dos Presos, que resultou não só na premiação das três melhores redações sobre Liberdade, mas também na confecção deste livro. A contrário senso do que escreveu o poeta: “A mão que te afaga é a mão que te apedreja”. Dedicou o autor algumas horas de sua folga, do labor Policial Federal (Delegacia de Polícia Federal em Caruaru), para distribuir envelopes selados, com os 47 detentos, que aproveitaram a oportunidade de escrever sobre o tema proposto. A tarefa não foi fácil. As redações bem produzidas. E, afora os senões da gramática, em cada uma, ouve-se o eco do apelo da alma, materializado através do punho escritor de cada um dos concorrentes. O tempo vinga-se das coisas que se faz sem o seu consentimento. Dois anos se foram… Mas, enfim, o livro ficou pronto e com ele, não mais que, uma semente plantada, a fim de que, as comunidades, internas e externas, dos órgãos prisionais, deem a verdadeira oportunidade àqueles que qualitativamente queiram se ressocializar e ter de volta a tão decantada liberdade! Pois, “A Justiça não cobra gratidão de quem a recebe”.
A prefaciadora Cirlene Rocha, assim se expressou:
“Aprendendo a Liberdade na Prisão – Ao longo da sua história, o homem se organizou em grupo, fundou as cidades e criou normas de convivência, estabelecendo direitos e deveres. O não cumprimento dos deveres sempre acarretou punição, tanto mais crueis quanto mais recuarmos no tempo. Com o desenvolvimento da sociedade, as punições evoluíram gradualmente até chegar à privação da liberdade e, mais recentemente, à humanização dos espaços destinados ao cumprimento da pena de prisão, com vistas à ressocialização.
Tal evolução indica que, como sociedade, reconhecemos que o bem maior, aquilo que o ser humano mais preza e protege, teoricamente, é a liberdade. Tornar-se uma ‘pessoa’ significa conquistar o direito de ir e vir, o direito de opinar (tanto na família quanto na sociedade, por meio do voto livre), o direito de fazer escolhas e, ao mesmo tempo, o direito de assumir as consequências das escolhas.
Estar privado de liberdade, no caso de quem cometeu crime, também é um direito. Sim, direito, pois é preciso lembrar que ser julgado, condenado e preso, ser um reeducando, representa o direito de ficar quite com a sociedade, o direito de recomeçar a vida e, num sentido amplo, o direito de reconquistar a liberdade perdida. Dentro do cárcere, submetido às regras claras da instituição penal e às normas rígidas da convivência com os demais presos, o homem – transformado em ficha penal, em número de processo, em reeducando – descobre o quanto vale a liberdade.
Os textos contidos neste livro – alguns bem sofridos, outros até ingênuos – representam o sentimento daqueles que, no dia a dia da prisão, estão construindo seus direitos à liberdade. Todos os nossos esforços têm sido no sentido de auxiliar esses homens a ter de volta um bem tão precioso que foi temporariamente perdido.
Alegra-nos saber que eles estão fazendo reflexões sobre suas condutas, suas escolhas, suas possibilidades.
Alegra-nos fazer parte de uma instituição que acredita na recuperação do homem.
Alegra-nos a contribuição espontânea daqueles que, como o ilustre Severino Melo, investem um pouco de seu tempo e energia para o desenvolvimento pleno do projeto de Deus, que é o ser humano, não importando a situação em que se encontre.
Alegra-nos, sobretudo, a adesão entusiástica dos nossos reeducandos, sempre dispostos a fazer a sua parte e nunca perdendo a esperança, de reconquistar a tão sonhada LIBERDADE”.
Por fim, a contracapa do livro sintetizou a mensagem do autor: Na Caixa Postal 65, Quarenta e Sete Gritos de Liberdade, é o nosso mais novo livro. Realmente é dificílimo explicar o porquê, mas temos o ingrato desiderato de só darmos valor àquilo que não temos, ou pior, àquilo que perdemos. A Liberdade não foge à regra.
O dinheiro, maldito vil metal, compra algumas coisas concretas neste nosso mundo capitalista, mas não se pode dizer o mesmo em relação aos bens e valores abstratos. O dinheiro pode comprar o remédio, mas não compra a saúde; pode comprar o sexo, mas não compra o amor; pode comprar a cama, mas não compra o sono; pode comprar o alimento, mas não compra o apetite. O dinheiro pode comprar um reino, pode comprar um trono, pode comprar uma coleção de joias preciosas ou quem sabe um lugar na história. Porém, não poderá, jamais, devolver a mãe liberdade a quem a perdeu.
Este livro é contra indicado àqueles que não creem que a pessoa humana seja a obra mais perfeita que Deus colocou sobre a Terra. Planeta de provação e de expiação.

Autor do Livro: Escritor Severino Melo












FONTE: https://www.jornaldecaruaru.com.br/2016/08/livro-na-caixa-postal-65-quarenta-e-sete-gritos-de-liberdade-completa-dez-anos/

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